sábado, 14 de novembro de 2009

Meu Carnaval.

Olha só que legal, sente aqui a banda vai passar. Ah! É tão gostoso ver daqui.

E lá vem... Olha aquela moça! A preocupação dela com as coisas, ela agora ajusta a saia, agora atendeu ao telefone, iphone ou sei lá o quê... Veja o rapaz ao lado dela, ele usa uma roupa bonita né? Ele agora se insinua a ela... Ela nem o nota.

A marchinha não para...

Opa! O rapaz mostrou algo à moça, ela esta sorrindo, parece uma chave, agora ele colocou algo no dedo dela, que lindo não?

Esse desfile ta tão legal.

Eles estão abraçados, ele a admira, ela admira as chaves e o objeto no dedo dela.

Opaa!! Olha a serpentina.

Tem a ala dos velhinhos, gosto tanto de vê-los.

Eles estão sorrindo, velhinhos de um lado, velhinhas do outro. Cada um na sua sendo feliz.

Por vezes se encontram, se olham, enxugam o suor um do outro e voltam para os seus iguais.

Eles sabem das coisas...

Mais uma cerveja moço do isopor!

Olha lá! Agora vêm uns homens, eles estão de terno, pastas, todos falando ao telefone. Não notam o público que aplaude, não notam o sol, não notam à tarde linda. O moço do isopor oferece uma geladinha, eles recusam... Os negócios não podem parar.

O desfile também não...

E eu aqui sentado, vendo toda a festa à sombra de uma árvore.

Ao longe vejo algo colorido!

Chega o bloco mais esperado por mim, o bloco das moças simples...

Elas chegam, todas lindas, flores nas orelhas, não ligam pros rapazes afoitos que tentam passar pelo cordão de isolamento. Elas cantam, sabem a marchinha toda, no refrão elas sorriem, eu imagino que aquele sorriso é pra mim. Elas desfilam como se andassem nas nuvens, admiram o sol, a tarde, percebi que uma delas mandou um beijo pra o alto, fiquei um pouco triste, mas logo passou, percebi que ela mandou o beijo a um beija-flor que parou para vê-las. Eu olhei para ele, ele piscou para mim e lhe ofereci minha cerveja.

O desfile passou, a noite chegou, e eu aqui, na minha cadeira, vendo as coisas de camarote.

6 comentários:

  1. Esse blog está a cada dia melhor!

    Carnaval, eu prefiro nem assistir, nunca me atraiu. Já, esse Carnaval do cotidiano, gosto de alternar entre espectadora (e expectadora, claro) e foliã. Depende do calor, depende da temperatura da cerveja, depende do beija-flor que aparece para ganhar um beijo meu...depende. ;)

    =**

    ℓυηα

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  2. Oba, será que sou a primeira a comentar, ou o Marcelo chegou antes? Bem a ordem não interessa.

    Esse texto me deixou alegre. é um dos mais alegres que vi vc escrever. muito lúdico e poético também.

    Muito bom o final, onde tem uma moça que mandou um beijo para o alto, vc queria o beijo para vc. Ou melhor, o narrador queria o beijo, ficou um pouco triste. Muito boa a sequencia de ações em que o beija-flor pisca para o narrador. e depois vem uma coisa absurda como oferecer cerveja para o narrador, Mas para mim parece uma maneira de comemorar, de celebrar algo, a alegria a vida talvez.

    Bom camarote este de onde podes ver tantas coisas belas.

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  3. pena que o último bloco passou faz tempo!

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  4. Poxa, um tempão que não passo por aqui. Aliás, um tempão que não passo por lugar nenhum - muito trabalho.
    Que delícia de texto. É bom ver as coisas de camarote quando se tem este olhar poético, que se atenta aos detalhes mais doces.

    beijo rouge

    Dani

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  5. "Sinto copacabana por perto é o vento do mar
    será que a gente chega"

    Camelão!!!AHAhahaa..
    Classe A o texto mlkão!

    Abraços!

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  6. ...nunca sei se seus textos são reais ou não; mania feia essa minha de tentar vincular uma coisa a outra! rs E mais uma vez eu li e imaginei quadro a quadro! Gosto de fazer isso, sentar e observar. Observar tudo e todos!
    beijocas
    P.S Queria muito ver o seu rosto!

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