domingo, 25 de março de 2012

O Velho e eu

Bata palmas sim e o faça de olhos abertos. Veja a quem você aplaude. Só, meu caro, não se esqueça que para ser aplaudido não basta aplaudir. Ser aplaudido requer outra coisa, se faz necessário ter um tato a mais. Dizia ele.

Eu, com o copo meio vazio, a cabeça meio cheia, e a alma querendo distância de mim, pensei naquelas palavras, fixei no velho olhar do homem velho. Não pisquei.

Ele continuou, dizendo-me para ser franco, ficar atento deixar meus propósitos pra lá.

Essa parte eu não compreendi. Tentei chamar minha alma:

“Calma alma minha, calminha, você tem muito que aprender”

Neste momento a Jukebox poderia soltar esta, mas não soltou. Fiquei olhando ao redor.

Eu, o velho, os copos e a alma. Ela, a alma, fingia ouvir, esgueirava-se rumo à porta. Eu vendo aquela cena chorava por dentro.

O velho falava.
Eu bebia.
A Alma saltava.

Senti uma paz estranha, meio quente, vinha de baixo. Com medo olhei pra cima, como se viesse de lá.

O velho, rapidamente tocou em minha mão e reprovou meu ato: Tsc-Tsc! Apontou-me o chão, como quem diz: É de lá que vem.

Fui forte! Continuei olhando pra cima. Logo o calor foi embora, a alma ficou, o velho calou... Pedi mais uma e sorri.