terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz Natal.

Manhã, mesa, café amargo e jornal de ontem.

Feliz Natal!

Ali e assim ninguém o vê. Não consegui perguntar-lhe se quer ser visto. Não dá os olhos não se cruzam nunca. Só nos sinalizamos com os olhos. Sua boca não abre. Nunca.

Preso a corrente
Cabeça entre as mãos.

Neste natal ganhará lembranças, daquelas trágicas que o assombram durante toda vida, sempre à noite.

Pensa em ligar, desejar bom dia. Tenta escrever, cabeça não para. Idéias vêm e vão e nada se completa. Ele, na realidade, gostaria de ter um bom dia, ou quem sabe uma boa noite, de natal.

Passei e o vi na varanda. Acenei. Sem resposta. Olhava para o meu lado, mas não sei se seu olhar chegava a mim.

Por que eles não vêm aqui? Deve se perguntar.

Agora tirou seu carro da garagem, limpou por dentro e por fora, encerou, gostei quando vi aquela cena.

Vai sair. Pensei.

Após a limpeza, carro na garagem.

Agora o vejo abrindo a caixa do correio, uma carta. Um sorriso, após muito tempo.

Movimentos pela casa.
Luzes que acendem.
Janelas se fecham.
Carro sai da garagem.
Aceno de dentro do carro.

Era uma carta! Apenas uma carta que faltava.

Feliz Natal!! Desejei de longe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário