sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Passeiozinho.

Tomei aquele copo de água gelada, após o café-com-leite quente e doce, adoçado com adoçante.

O dente doeu, sensibilidade à flor dos dentes.

Dei aquele tapa no cabelo, aquela passada de mão na franja pra deitar a danada.

Passei a camisa nos óculos, camisa suja limpou às lentes.

Fui...

Não sei pra onde. Fui por ali, seguindo o intuito de que tudo seria melhor.

Parado no semáforo o povo atravessando, lembrei dos Zé’s, Zé que deixa Maria em casa, Zé que sai cedo, passa no boteco, joga no bixo, toma um gole, sai apressado, pega o ônibus, motorista conterrâneo, fala do Corinthians, fica em pé, lata de sardinha, sardinha da bóia esfria, desce no ponto depois do seu, reboca a obra, prédio levanta, Zé volta pra casa, Maria dorme, Zé cutuca, Maria reclama, Zé dorme.

Semáforo aberto.

Sigo...

Penso da vida abençoada de quem não tem fato marcante pra contar. Penso na minha vida de estrada em linha reta. Meio sem curvas, bifurcações e tal. Será benção? Monotonia?

Se cortarmos o caminho pela trilha de terra batida que tem ali na frente?

Tenho medo e você?

Liguei a seta... Mas com seta é sem graça, avisar que vai sair da estrada não tem sentido algum, o legal é sair sem avisar, deixar quem vem atrás passar direto sem perceber nada.

Assim é legal!

E o Zé? Que não tem seta, não tem nada?
E a Maria que não tem estrada, nem bifurcação?

E eu? E eu?

Passei da estradinha de terra, desliguei à seta, reduzi na lombada, reduzi no radar, reduzi na faixa de pedestre, reduzi no cruzamento, reduzi...

2 comentários:

  1. "Sensibilidade à flor dos dentes."

    Sensibilidade à flor das lentes.

    Rs

    Beijo, Ju.

    ℓυηα

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  2. A estrada em linha reta é benção. Garanto.

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