domingo, 26 de setembro de 2010

Grande menino

No seu mundo de cobertor! Mundo grande do grande menino.

Mundos.
Robôs.
Mares.
Montanhas.

No mundo do grande menino não tem gente. “Gente é má” diz ele.

Nas profundezas da coberta ele vive seu mundo diferente.

Segue no seu passo, no seu tempo, tempo que passa sem ele perceber.

Ali, naquele imenso pequeno mundo não existe dor. Morte. Raiva. Coisas de gente.

No grande mundo, todos se conhecem, se ajudam e nunca morrem.

Ele não entende porque às coisas tem de ter um fim.

“pra que acabar?”

Quando anoitece a saga do grande mundo recomeça, ventos, vulcões, vivem em harmonia com crianças, robôs, dragões e bonecos cabeça-de-batata.

O menino não entende porque os adultos (gente chata que só gosta da morte) não brincam com ele, se brincar é a coisa mais importante do mundo.

Papai sempre fala em dinheiro.
Mamãe sempre grita, fala do tempo, das contas e da TV.

O grande menino se incomoda, sofre. Esse mundo pequeno não é para ele. Por isso se refugia no grande mundo, lá ninguém conhece essas palavras que são tão faladas no mundo pequeno, Dinheiro, Conta, Morte, TV.

No grande mundo não tem TV. As pessoas se olham. Não perdem seu tempo olhando àquilo.

Pai! Vamos jogar bola?
Mãe! Senta aqui na cama, vem ver o que eu fiz!

Ninguém liga para o grande mundo, só o grande menino, talvez só pessoas grandes possa entender o real significado daquilo.

Não tem tempo no grande mundo, por isso o grande menino levanta de madrugada e caminha nas montanhas.

Pai briga.
Mãe reclama.

O menino pensa: será aquilo, a tal morte, não poder viver?

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