quinta-feira, 8 de julho de 2010

Opaco, borrado, fosco.

Dormi errado, sono duro, pesado, estranho, sabe?

Quem trabalha à noite e chega de manhã, perde a cor do dia.

A cor da manhã fica sem cor quando a gente chega junto. Junto das cores.

Num momento, tudo é preto. Depois as cores aparecem, mas a gente não vê, quando os olhos estão acostumados a ver o preto, o nada. A gente não vê o claro, o dia.

Hoje não vi o dia.

E olha que tava colorido!

Tava normal, gente pra lá, pra cá. Ninguém observava as cores, mas elas estavam lá. Menos pra mim. Eu que vinha do escuro, da penumbra, da sombra feito gatuno.

Não vi as cores.

Agora a tarde, já é tarde. As cores da tarde são mais fracas, já são cores misturadas ao cinza, cinza do dia, da sujeira, ou cinza da noite que chega?

Perdi a cor do dia. Sempre perco, aliás. Quantas mais vou perder?

A noite vem chegando, agora sim reconheço tudo. Reconheço o cinza, o marinho, o preto. Às vezes preto fosco, às vezes brilhante, depende do dia, da noite.

Hábitos noturnos. Olhos noturnos. Sinto falta das cores vivas. Se eu vivesse em Las Vegas pelo menos.


No outdoor luminoso a vida a mentir. Nenhuma estrela mais perto dos olhos. Ninguém.
Ecos de um rádio antigo eu pendo ouvir
...”

Um comentário:

  1. Gosto das cores e do silêncio da noite... por isso, a reconheço mesmo de dia...

    Saudades... beijo!

    MeninaMisteriosa

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